
A interculturalidade – uma escola sem barreiras
Num percurso de quase trinta anos, a Escola Profissional de Murça procurou sempre as melhores condições para o processo de ensinar e aprender, procurando dar resposta aos desafios de um mundo em constante mudança, indo ao encontro de uma alternativa de educação escolar, promotora do sucesso educativo e de realização pessoal, social e não apenas profissional dos jovens.
Numa sociedade diversa e dinâmica, educar é um desafio constante que deve procurar orientar e preparar o cidadão para a vida. Prepará-lo, procurando aperfeiçoá-lo e desenvolvendo as suas faculdades físicas, intelectuais e morais, criando um equilíbrio entre o conhecimento, a compreensão, a criatividade e o sentido crítico, no sentido de formar pessoas autónomas, responsáveis e ativas.
O desafio torna-se um estímulo, a educação para todos, consagrada como primeiro objetivo mundial da UNESCO obriga-nos a considerar a diversidade e a complexidade do ambicioso processo que é educar.
A educação na sua abrangência e diversidade tem necessariamente um enfoque na cidadania, contribuindo para a formação de pessoas responsáveis, autónomas, solidárias, de diálogo, que conhecem e exercem os seus direitos, os seus deveres e o respeito pelos outros, com espírito crítico e criativo, tendo como referência os valores dos direitos humanos.
Neste âmbito a escola deve ser aglutinadora, inclusiva e multifacetada, assegurando que o processo educativo seja também orientado para a interculturalidade, procurando incentivar os alunos para o conhecimento dos conceitos de identidade e pertença culturais, pluralismo e diversidade cultural. A escola deve permitir a compreensão das causas e formas de descriminação, racismo e xenofobia, para ajudar a promover o diálogo intercultural e o fenómeno da globalização e a sua relação com fenómenos de migração, de etnicidade e de inclusão.
A Escola Profissional de Murça, no seu percurso, tem tido o privilégio de experienciar e potenciar a interculturalidade através de alunos vindos de países de língua oficial portuguesa. Atualmente, esse privilégio aumentou, tendo em conta que 20% dos alunos são oriundos da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe. Este fenómeno possibilita uma extraordinária reciprocidade de relações culturais e um intercâmbio cultural extremamente enriquecedor para toda a comunidade escolar, potenciador de práticas que estimulam a interação, a compreensão e o respeito entre as diferentes culturas e grupos. A integração e a convivência têm uma dinâmica impressionante, por vezes avassaladora, quando presenciamos, entre outros valores, o respeito, a gratidão, a responsabilidade, a solidariedade, a aprendizagem, a inclusão.
É a escola sem barreiras, é a escola a cumprir o seu dever.
Amélia Morais
(Diretora Pedagógica)